Gato que brincas na rua
como se fosse na cama,
invejo a sorte que é tua
porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
que regem pedras e gentes,
que tens instintos gerais
e sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
todo o nada que és é teu
eu vejo-me e estou sem mim
conheço-me e não sou eu.
Texto Fernando Pessoa